sábado, 30 de janeiro de 2010

Sob Pressão

SOB PRESSÃO

AGRESSÃO FÍSICA EM CAMPEONATO DE NATAÇÃO ESTA SEMANA EVIDENCIOU UM PROBLEMA SOCIAL: O EXCESSO DE COBRANÇA DOS PAIS PELO DESEMPENHO DOS FILHOS

Ser o melhor na escola, no campeonato, no trabalho. A cobrança exagerada dos pais sobre os filhos ficou evidente esta semana, quando o pai e técnico Mikhail Zubkov agrediu a filha e nadadora ucraniana Kateryna Zubkova, 18 anos, após uma competição no 12° Mundial de Natação, na Austrália. Segundo especialistas, é histórico o uso da agressão física como método de pressão por desempenho, mas a situação preocupa.
A psicóloga e professora da Uniasselvi Daniela Regina da Silva explica que, ao longo da evolução humana, outros métodos, como o dialogo, surgiram para evitar agressões físicas e verbais:
- Hoje não existe mais o tapa pedagógico. Os pais precisam cobrar, sim, mas no sentido de estimular os filhos para entederem suas limitações e, ao mesmo tempo, buscarem o esforço para a superação.
Para ela, casos de agressão estão ligados à expectativa criada pelos pais em torno do projeto de vida dos filhos. O psicólogo Alan Cristian Buettgen, do Programa Sentinela, que atende ate 200 famílias com problemas de agressão entre os patentes, concorda que a frustração pode interferir na vida em família e se canalizar em forma de agressão física:
Os pais, muitas vezes, almejam que os filhos sejam como ou melhor que eles. E se eles não correspondem, eles se frustram e extravasam das mais diversas maneiras, inclusive usando a violência.
Como os pais não podem deixar de estimular o desenvolvimento dos filhos, algumas regras são importantes. A cobrança e benéfica quando estimula a reflexão e tem caráter educativo. Nunca se deve usar de violência física ou psicológica, como a punição humilhante sofrida pela nadadora Kateryna esta semana.

COBRANÇA EXAGERADA PODE CAUSAR TRANSTORNOS

A reação dos filhos à cobrança excessiva dos pais pode levar à rebeldia. Segundo a psicóloga Daniela Regina da Silva, a violência usada como método educativo por um pai que almeja uma nota melhor na escola ou uma posição de destaque no campeonato gera um processo de negação.
- em vez de estimular, ações como essas fazem com que os filhos rejeitem aquilo que os pais tanto querem – afirma.
O psicólogo Alan Cristian Buettgen analisa que os filhos podem tomar atitudes semelhantes a dos pais, sem conseguirem lidar com a frustração. Alterações de comportamento, como timidez e insegurança excessivas, também são conseqüências comuns em pessoas que sofreram muita cobrança na fase de desenvolvimento.

ESPECIALISTAS GARANTEM: DIALOGO É O MELHOR REMEDIO

Ações como as que aconteceram na Austrália, entre o treinador Mikhail e a filha Kateryna, são reflexos da sociedade que cobra demais por bons resultados. De acordo com a professora de pedagogia da Furb Roseli Nazário, as pessoas não dispõem mais de tempo nem de paciência e querem que as crianças virem adultos de repente.
- O melhor entendimento entre pais e folhos só ocorrerá quando houver a proximação de ambos, a compreensão e, principalmente, a reflexão dos pais sobre como foram a própria infância e adolescência – explica.
Para o psicólogo do Programa Sentinela Alan Cristian Buettgen, o dialogo e a melhor maneira para encontrar o problema e solucioná-lo. Nos casos de violência familiar, é ouvido tanto o agressor quanto o agredido.
- Entretanto, em primeiro lugar, deve-se cessar a violência, pedindo protação para a vitima orienta.

COMO VOCÊ DEVE AGIR

ESPORTES
  • Apresente opções à criança, para que possa fazer experimentações e escolhas. Invista naquela atividade pela qual ela demonstrar mais interesse.
  • Estabeleça regras e monitore o cumprimento delas. Se a criança diz que não quer mais ir as aulas da escolinha de futebol, investigue os motivos para esse desanimo.
  • Pressão e expectativas em excesso podem gerar, a longo prazo, frustração, revolta, retraimento, depressão e baixa auto-estima. A criança e o adolescente precisam de acompanhamento, o que não significa uma cobrança exagerada.
  • O importante é aprender a gostar de praticar um esporte, habito que será benéfico por toda a vida. Pouquíssimos praticantes tornam-se atletas medalhistas.
  • Considere a estrutura psicológica do seu filho – de nada adianta ser apto fisicamente se não puder enfrentar derrotas e uma rotina regrada e estressante.
ESTUDOS
  • Evite querer transformar seu filho no que especialistas vem chamando d pequenos executivos: crianças atarefadas com uma serie de cursos e compromissos e com a agenda mais atribulada do que a de um adulto.
  • Querer que seu filho fale um idioma ou toque um instrumento porque você não teve a oportunidade quando tinha a idade dele não é justificativa para matriculá-lo em cursos.
  • O estudo não pode tomar horas demais. Alem do tempo passado na escola, o aluno precisa chegar em casa, comer, descansar e ter momentos de lazer.
  • Jamais exija que seu filho seja o melhor da turma. Proporcione estímulos mas não faça disso uma escravidão.
  • Comemore todos os resultados positivos e não apenas os melhores e mais destacados.
  • Evite conferir a agenda, fazer os temas e organizar a mochila por ele. Ensine como fazer.
O FRACASSO
  • Cuidado para que a auto-estima de seu filho não se aniquile quando ele for confrontado com derrotas. É fundamental que você saiba ressaltar também as qualidades, e não só criticar pontos fracos.
  • Fuja dos extremos: não ignore e nem supervalorize os fracassos. Não faça de conta que a culpa é sempre da escola ou do juiz da partida, pois é preciso reconhecer as fraquezas e os melhores desempenhos.
  • Não e porque seu filho esta crescendo que não precisa mais de acompanhamento. Demonstre interesse pelo dia-a-dia do adolescente.
  • Um boletim com notas abaixo da média pode estar escondendo outras dificuldades – de relacionamento e de adaptação, por exemplo.

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